
•Antiga capital do Império do mesmo nome, constituído pela parte oriental do Império Romano, Bizâncio foi, em 330, rebaptizada pelo imperador Constantino, transformando-se, sob o nome de Constantinopla (Constantinópolis), no centro da Igreja Oriental grego-ortodoxa. O esplendor da cidade enriquecida pela sua posição geográfica no ponto de cruzamento das importantes vias comerciais, manifestou-se principalmente no século VI, durante o reinado do imperador Justiniano, o Grande. Foi graças a ele que diversas igrejas foram erguidas na cidade, destacando-se entre elas a de Santa , construída em 532 para servir de sede ao Patriarcado.
•O substantivo SOPHIA significa em grego, sabedoria. Dado esse nome à igreja, esta tornou-se simbolicamente, a depositária da santificada sapiência e transformou-se no centro da vida eclesiástica da Igreja Oriental. Destruída parcialmente em 558 por um terramoto, foi aperfeiçoada e enriquecida pelo arquitecto Isidoro, o Jovem.
•Nenhum edifício bizantino posterior ultrapassou Santa em maturidade de ordenação da estrutura interna. A vasta nave central, coroada por uma enorme cúpula e ladeada por duas semi-cúpulas, produziu notáveis efeitos acústicos, tão a gosto da sumptuosa liturgia grego-ortodoxa. A influência dessa igreja seria sentida até no Ocidente; inspiraram-se nela os arquitectos da basílica de São Marcos em Veneza, da igreja de São Vital de Ravena e até da catedral de Aquisgrano, na Alemanha.
•O santuário de Santa foi separado da nave por uma fina parede, dentro da qual a porta central, chamada Porta Santa, e localizada defronte do altar, aprofundava o ambiente de mistério que caracteriza a liturgia local.
•No interior da igreja, outrora rico em mosaicos ocultos sob o reboco em época turca, e hoje em parte redescobertos, encontram-se numerosos exemplares de esculturas entalhadas, de capitéis rendilhados e de preciosos mármores policromos. Transformada Santa em mesquita, após a queda de Constantinopla, foram acrescentados diversos minaretes que, justapostos às imponentes moles, modificaram a primitiva estrutura externa, enquanto o aspecto interno foi alterado cobrindo-se os elementos decorativos cristãos.
•A queda do Império Otomano e a tomada do poder na Turquia pelo governo de Kemal Ataturk, conduziram à transformação, da então mesquita, num museu bizantino. Este mantém as características externas bizantino-cristãs conjugadas com as ulteriores adições muçulmanas; ao seu interior, porém, devolveram-se as primitivas características bizantinas, graças à remoção das camadas que as cobriam.

O esplendor da Basílica
•A arquitectura bizantina emerge com as qualidades de um grande estilo - a conjugação de estrutura e da decoração. Mas o que sucede ao outro elemento da arquitetura, a função? Para quê tudo isto? As igrejas não são menos funcionais do que os laboratórios; ocorrem determinados acontecimentos no seu interior, em função dos quais têm de ser projectadas. A liturgia bizantina e a planta das suas igrejas constituíam também - tal como a estrutura e a decoração - uma unidade integrada. Este aspecto foi discutido; diz-se que a planta altamente centrada - como em Ravena ou em Hagia Sophia - proporcionava uma área central, por baixo da cúpula, mas que o altar era relegado para segundo plano, ficando numa pequena abside. Esta afirmação, porém, deturpa a liturgia bizantina, confundindo-a com a liturgia ocidental ou romana, onde o clímax, a elevação do sacramento, tem lugar no extremo da longa perspectiva da nave central, no altar-mor. Todavia, este clímax não era o momento supremo da cerimónia bizantina.
•Hagia Sophia foi construída com base numa basílica. Aparentemente, haveria uma nave central, uma a norte, outra a sul e dois nártexes a oeste.
•Só na nave central é possível avistar a cúpula. A galeria foi construída num segundo piso por cima de duas naves laterais e do nártex interior. A distância do portão imperial ao abside (oratório) é de 79,3 metros. O comprimento do edifício é de aproximadamente 100 metros, a largura da nave principal é de 32,3 metros e junto com a das naves laterais obtemos uma largura total de 70 metros. Dessas medidas conclui-se que Hagia Sophia cobre uma área de aproximadamente 7000 metros quadrados, sendo a quarta mais larga, bem como a mais antiga igreja depois de S. Pedro em Roma, a Catedral de Sevilha e a Catedral de Milão.
•Após ter sido utilizada como mesquita por quase 500 anos, depois de 1453, as estruturas islâmicas, tais como os minaretes construídos nos cantos do edifício principal, a fonte (sadirvan), o mausoléu (turbe), e o refeitório (imare), deram a Hagia Sophia um aspecto de mesquita. Consequentemente, a arquitectura característica do século VI aparece quase exclusivamente no interior do edifício.
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pudim!
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